quarta-feira, 11 de junho de 2008

Carrocéu

Da aurora ao luar corre em círculos
Cavalos e moinhos endoidecidos
Sobre meninos e lobos: homens adulterados
E corações dissolvidos em óleo diesel

Da aurora ao luar o cavalgar ondulado
E a corrida ressequida dos dias
Inscrições de cimento e vida
Que correm pro céu corre(céu) de carrossel

E de tanto elo, de tanta corrente, de tanto correr
Se despedaçam os risos
E a tez enegrecida da lua
Traz o replicar dos sinos e tudo se divide:

Estampidos e gritos viram detritos de silencio
E de tanto abraço os braços se enlaçam
De tanta palavra a boca se cala
De tanto cavalgar as patas se partem
De tanto dar-se as mãos os dedos se abrem

E de resto sobra esse hesitar
Ah! Esse hesitar de amigos em conflito
Esse hesitar de amores retrô(cidos)
E dos grilos recolhendo magoas no telhado

Ah! Esse hesitar de tantos idos
De lagrimas, labirintos e hinos
Esse hesitar a adulterar o itinerário dos meninos
Epitáfio feito ao rebentar da vida
De mármore e morte

De resto sobra esse hesitar
Trancafiado em viés, trocando anéis
E correndo sempre para o mesmo lugar
Correndo pro céu corre(céu) de carrosséis

Edilberto Villanova

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