sábado, 31 de maio de 2008

Cantada


Você é mais bonita que uma bola prateada de papel de cigarro

Você é mais bonita que uma poça dágua límpida num lugar escondido

Você é mais bonita que uma zebra

que um filhote de onça

que um Boeing 707 em pleno ar

Você é mais bonita que um jardim florido em frente ao mar em Ipanema

Você é mais bonita que uma refinaria da Petrobras de noite

mais bonita que Ursula Andress

que o palácio da Alvorada

mais bonita que a alvorada

que o mar azul-safira da República Dominicana

Olha,Você é tão bela quanto o Rio de Janeiro em maio

e quase tão bonita quanto a Revolução Cubana.






Ferreira Gullar

Escritor Maranhense




Postado por Hérika

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Poema àcido

Morda vossa laranja amarga
Pinte vossos olhos com cebola e limão
Guarde vossos chinelos, vosso segredos
E vossos brinquedos

O crepusculo e seus raios de fogo afungentaram o teu rebeto
e o teu regaço
E tú ficastes deserta, dispersa,
manchada de cinza e sangue
E quando o (ultra)sol(violeta)violentou teus olhos
Passastes a ouvir o grito preso na garganta
Passastes a sentir o ácido da lingua de quem te protegia
Ao ver que o livro de receitas lido pelo avesso discrepou tua rosa
Que a muito tempo já estava morta.
Agora Dê-me uma maçã
Um abacaxi, uma laranja amarga
Uma roupa rasgada, um perfume barato
Um coração de lata e um chocolate
E quando beberes o vinho lembre
Do cheiro e do sangue que ainda habita nossas roupas
Esqueça as lagrimas que desceram inuteis pelo esgoto
E veja que o que ardeu em nosso corpos
Hoje é neve, é nave
É um passaro, a fumaça
E as nuvens, é um rio, um mar e um poço.

Edilberto Vilanova

Poema àcido

quarta-feira, 21 de maio de 2008

A canção do espirito

A canção do espirito
Adormece o corpo como febre
Faz valsa o batimento cardiaco
Entorpece a vida
E derrama gotas de delirio pela terra

Ah!Como soam bem esses novos acordes
Acorde!Repare nas cores transversais
Que desabam do seu
E se envenene com mel
Porque ainda há abelhas fecundando flores
E a pedra sempre pó
Traz de pouco a pouco a flor do sono
A eternidade é deserta e o corpo desbota
E como cai bem no desalinhar do corpo
Essas novas roupas

Ah!Como são sinceros nossos garotos
Como são modernas nossas moças
Amanhã ou depois virão outros
E tudo será memória
Em outros corpos os mesmo fantasmas
E a canção do espirito tocará
E vai haver dor e lagrima, mas
No fim, em casas subterraneas
Ficaram tons neutros e residuos de vozes
E será só cnção para todas as almas atrozes

Edilberto Vilanova

Chuva

Findou se o retirar dos retirantes
No vento a cantilena retumbante
Clarão no céu da patria neste instante
E lá na negra nuvem-nave adiante
Regalo raro para um povo errante

E brota o riso frouxo, a reza grata
O verso a anunciar contentamento
E baila a folha verde ao som do vento
E a dança do inverno adentra a mata

A nuvem conta-gotas pinga água
E paulatinamente a chuva desce
E a poça progressivamente cresce
Um sapo sorrateiro à poça salta
E solta um som aberto peito afora
E o velho diz que a chuva é o céu que chora

Agora,
O fim do estio afinal
Lá fora corre um rio vertical

Vivaldo Simão

Paranoia

Perdi o sono e busquei estrelas
Acordei de um pesadelo e levantei mais cedo
Ouvi gritos,
Tive medo!
Agora já não há segredos:
Tudo se transforma em pesadelos
Psicopatas ambulantes em desespero
Parasitas e ignorantes à procura de travesseiro
Em sonhos lúcidos eu vejo o passado e esqueço o futuro
E progressivamente vou perdendo o medo
Caminhos cruzados, amores afugentados
Um grito não é mais desepero


Agora tudo vira desejo
Um desejo louco de ser
Um ensejo de amor na madrugada
O desejo louco se se perder entre as rosas
e encontrar logo o fim dessas estrada.

* dedicado a Lucilio e seu universo interior

Edilberto Vilanova

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Versos para uma canção de amor

Se dentro das horas perdidas na escuridão da noite
A velocidade do raio derrubar as flores do teu jardim
E como um açoite, eletrificar o fio que guarda tuas roupas
Sou eu
Pra dizer que as estrelas caíram sobre mim
Sou eu
Pra dizer que a lua e seu cavalo chegaram ao fim
Ao fim de tudo
Ao fim do universo
E no futuro só restará um pano negro
E um céu rasgado em verso
Postas sobre a mesa: as velhas flores que tu me deste
Papeis rasgados, poemas, garrafas
E cigarros
E no futuro: o vácuo, a solidão, mais nada
Os corpos se dividiram e só encontraram o fim da estrada
Já é madrugada
Por isso, meu amor
Só pra me ver sorrir
Diz que ainda pouco tu pensavas em mim
Por isso, meu amor
Antes do fim
Só pra me ver sorrir
Diga que ainda pouco
Tu pensavas em mim

Edilberto Vilanova

Selos

Concedo demasiado amor nos meus defeitos
Antes que eu suspenda a alma
Terei um mundo sem jeito
Contragulo beijos com bocas passadas
Depois de tanto se amar eu não sinto saudades de mim
Passei o muro para o lado de fora
Fiquei dentro do mundo perfeito
Não corrí com medo dos olhos da sombra
Apenas me neguei ao sentimento claro
Comprimido nos lençois da alma
Não tiraram de mim, ainda, o lacre
Preciso morrer
Eu quero perder o selo.

Arlam Marques