segunda-feira, 21 de julho de 2008

Elos

Sons em tons de rosa
Ressaca de novas ondas
Lá fora a chuva corre calma
Enquanto em me retraio
E me expando até onde jaz qualquer possivel limite
Não há mesuras nessa total falta de espaço
Nem relogios que abriguem esse tempo
No delicado espaço entre o que sou e o que sinto
Nenhum sentido
Todo o sentido do mundo
E todos os sentidos são
Holofontes inversos
Acenam o porto de fora pra dentro

Por um minuto indefinido
Eu, fossil de um homem perdido na história
Adormeci
E acordei nos braços de um tempo
Em que os limites eram lanços rotos
Na ânsia da quebra
Um parto entre homens que eu era
E homens que de mim virão.

Vivaldo Simão

Despertador

Ao despertar da dor
A exatidão do tempo rompe o silêncio
Em rascunhos e fagulhas.
De novo o alvorecer, sonho retirante a abrir feridas
O corpo se desfibra e arde novamente
O sol, condenado a nascer, recorta as vísceras
E espalha pelos escombros de qualquer mercado
Flores e lástimas cobertas de vítimas.
Não mais vozes do silencio
Agora mapas do acaso
Não mais amores vãos
Agora resquícios de orgasmos
nada mais escuro
Agora louvores
Cores e atores
Abram as cortinas para o teatro corrosívo do dia
Pois repleto de dramas
Recomeça mais um grande ato amargo e mágico de viveres.

Edilberto Villanova